Ontem assisti a um filme patético. Descontente por ser patético, explorou a futilidade, exportou a imbecilidade e está contaminando diversos públicos ao redor do planeta. Contribuindo para a abstinência do pensamento, estimulando o desprezo à vida e vulgarizando todas as ações humanas. Não, eu não sou "caxias" como você deve estar pensando. O filme “Vizinhos” traz a vida de república como um confinamento ou internação em uma casa de loucos totalmente consentida. "Drogas for free", muito sexo material, superficial e pobre e desrespeito total ao próximo, ao vizinho, ao cachorro da esquina. Sem moral, fábula ou qualquer linha intermitente de mensagem após o caos, ficou a imoralidade pela libertinagem simplesmente. Esdrúxulo e totalmente ultrajante, o filme conseguiu estimular o asco e a repulsa. Nem engraçado foi, exceto pelo momento da luta com dois pênis de plástico, segurados pelo presidente da república e um suposto pai de família.
Mas não resolvi escrever para falar mal do filme, aliás, falar mal de filme é dar um tiro no próprio pé, esperar "haters" para julgar, massacrar e regurgitar, totalmente fora de contexto e manipulada, a sua opinião. Resolvi escrever porque o que passou no filme não se difere de alguns contextos claramente expostos em nossa sociedade, que vem se superando no egoísmo e na futilidade, como nunca antes. Não sei se é culpa da tecnologia que afastou as pessoas, ou se há mais liberdade para exibir o podre, pois o errado de hoje é considerado "cool". O problema não são as ações em si. O problema é que tudo é feito de forma induzida. Ninguém sabe por que está fazendo, apenas deseja integrar a massa para que não haja diferenciação, exclusão e porque há existe uma cultura ao prazer sem limites em combinação com o não se importar.
Manter a imagem é o mais importante. A comunicação é puramente visual e o aprofundamento, só se for da penetração. Não sou contra sexo, pelo contrário. Mas as pessoas não sabem mais se fazem porque gostam ou se porque devem à sociedade explicações. As drogas nada mais são que uma fuga da realidade. O uso dos sentidos humanos está tão atrofiado, que só por meio de estímulos forçados ao cérebro se atinge algum grau de satisfação. Isso é muito deprimente, antes de ser impróprio. Eu colocaria uma censura etária para as crianças nesse mundo. As crianças são as maiores vítimas da atualidade. Desde novinhas são ensinadas o que deve ser feito e o diferente sofre Bullying. Para não sofrerem perante os diversos grupos sociais que esbarrarão pela frente, buscam se assemelhar aos seus companheiros de trajetória. A Universidade perdeu seu pódio de educação e empoderamento intelectual. É óbvio que esse período é o da diversão e dos amigos de longa data, mas o exagero vem tomando lugar de modo incontrolável. O excesso é visto como regra. A loucura como obrigação.
Cansa os mesmos personagens na festa. Cansa ver seus amigos vomitando por substâncias distribuídas pelos líderes. Exausta a cobrança para integrar o que está apenas aglomerado e não unido. Princípios, valores agora são coisas de velhos caquéticos e indesejáveis. Acho que sou uma velha caquética indesejável. Acho que me perdi nessa evolução barata e superficial, nesse mundo de coisas caras e palpáveis, nessa curva para a morte da filosofia. Não compareci ao sepultamento do amor, faltei às aulas de malandragem e ignorei os chamados para o ilusório êxtase, fruto do último químico proveniente da medicina veterinária.