Tocante, sensível, doloroso e cômico. Ao mesmo tempo infantil e maduro, o romance do norte americano John Green, em sua adaptação ao cinema, chegou derramando lágrimas até do mais inabalável espectador. Abordando o tema do amor juvenil, porém com a ótica do câncer, o filme conta com elementos de reflexão, prismas diferenciados de entendimento e percepção da vida e sua realidade, com a dor e a superação. O diferencial do longa-metragem é sua característica de abordar a doença, sem a manipulação para a venda de emoções baratas sem conteúdo. O câncer é exibido como um entrave que perde suas forças perto das diversas ramificações do amor demonstradas.
Hazel Grace Lancaster, vivida por ShaileneWoodley, é uma adolescente de dezessete anos, que desde a infância enfrenta o câncer de tireóide que resultou também em uma metástase para os pulmões. Juntamente com sua companhia inseparável, um cilindro de oxigênio com uma cânula no nariz para possibilitar a respiração, Hazel enfrenta o conflito da morte e a perda de momentos preciosos. Em busca de minimizar a frustração de sua filha, a mãe de Hazel propõe que ela freqüente um grupo de apoio de jovens com câncer. A menina segue o conselho, apenas para possibilitar um pequeno nível de contentamento à figura materna, que sofre diariamente em silêncio. “A única coisa pior que morrer de câncer é ver seu filho morrer de câncer”, é um conceito dito e generoso de Hazel, que por vezes se culpa inconscientemente pela dor que desperta em todos ao seu redor.
Com as visitas ao local da terapia, Hazel encontra Augustus Waters, de dezoito anos, que perdeu uma perna em razão de um câncer desenvolvido no local e que está há um ano, sem um diagnóstico de malignidade. Gus, que é seu apelido no filme, passa a interagir com Hazel e ambos se apaixonam rapidamente. A personagem busca evitar um envolvimento maior que a amizade, por acreditar que poderá causar sofrimento. Ao mesmo tempo, Hazel está obcecada por um livro escrito por um escritor holandês sobre câncer e tem o sonho de encontrar com o escritor para saber a continuação da história que é interrompida pela metade, tal qual ela acredita que sua vida será. Gus consegue o contato com o autor e a leva para a Holanda, após muita discordância entre a comunidade médica, por Hazel estar doente demais.
Nesta viagem, vários fatos ocorrem e o adolescente se declara para Hazel, mostrando que o amor não é uma escolha e que o tempo é um fator relativo, pois “Alguns infinitos são maiores do que outros”. Vivido por AnselElgort, o personagem Gus é bastante contraditório e intrigante à medida que vivencia os problemas com positividade e humor, escondendo suas fragilidades. A interação entre os atores é viva, intensa e transmite muita pureza, apesar de suas consciências estarem desgastadas pelos obstáculos impostos em suas vidas.
O filme não expõe a patologia, mas os humanos que existem e que são maiores que suas doenças. Expõe o amor dos pais, suas dores e sacrifícios para proporcionar alegria mesmo com a esmagadora sensação de perda anunciada; Transmite a importância da parceria para enfrentar as mazelas cotidianas e acima de tudo, demonstra o amor em sua forma mais bruta e talvez mais bela, inocente e efêmera com data de validade terrena, mas não espiritual. O filme Hollywoodiano, com final completamente inesperado, surpreende as expectativas dos atuais filmes transmitidos ao público jovem e derrama o incentivo da superação e da importância de valorizar os pequenos e preciosos momentos em meio às adversidades, por vezes, cruéis. O filme foi dirigido por Josh Boone.