"Vivemos em uma sociedade fútil. Não seja como os outros. Não deixe de ser você mesmo. Não perca sua própria essência".



Não me escondo sempre. Porém quando faço, é difícil me encontrar. Minhas emoções são seletivas... Demonstro à aqueles seres livres e puros que tanto me encantam a cada dia. Não gosto de maldade. Aprecio o ócio e o pensamento. Sou atraída por olhares... Transparentes, misteriosos. Julgo a ignorância o mal da sociedade e o fetichismo a razão dos relacionamentos voláteis e mecânicos. Religião é dúvida e amor é crença. Sorrisos são enérgicos e amigos são anjos. Não tenho a pretensão de ser a melhor, mas boa o bastante para aqueles que prezo. Acredito na classe e na postura. Sem clichês fúteis.
Gosto de abraços fortes, entregas verdadeiras, desejo e paixão.
Não me obrigue a concordar e não tente me prender. Minha alma é livre como um pássaro. Meu coração é honesto. Penso sim antes de falar. Me machuco rápido e sou sensível. Mas também sou forte e guerreira. Não me conte mentiras, por mais lindas que sejam. Se eu amar, amarei. Se chorar, chorarei. Portanto, vou viver.


quinta-feira, 17 de julho de 2014

Dor da Decepção

Chega de mansinho e começa a latejar. De fracas e rápidas, as pontadas crescem em ritmo exponencial, agudo e opressor. Se chocam contra as extremidades de onde pulsa o órgão supremo.
Logo atacam o pobre coração e o balançam em ritmo desenfreado e redundante. Arde, coça, provoca náuseas e calafrios. Sufoca e repreende. Invoca e distraí. É um aperto íntimo que escancara com frieza a maldade depositada em dada confiança. Cabelos em pé, lágrimas no chão.
De antemão descem as súplicas descabidas e a incredulidade. Já não há mais por onde correr. No paredão preto, os gemidos se escondem, trazendo mais espantos para o arfante decepcionado que acaba de renunciar ao cargo de otário.
Desprezo, mágoa e rancor escorrem aos montes no último adeus.
Um pontapé de dor e perda. O apagão da vela que parecia queimar. O naufrágio programado de uma criança, inocente, que dormia.
Uma apunhalada nas costas por motivos vãos e uma dor sem morfina. 

sexta-feira, 4 de julho de 2014

A Culpa é das Estrelas - Um Best-Seller sensível e não plastificado

Tocante, sensível, doloroso e cômico. Ao mesmo tempo infantil e maduro, o romance do norte americano John Green, em sua adaptação ao cinema, chegou derramando lágrimas até do mais inabalável espectador. Abordando o tema do amor juvenil, porém com a ótica do câncer, o filme conta com elementos de reflexão, prismas diferenciados de entendimento e percepção da vida e sua realidade, com a dor e a superação. O diferencial do longa-metragem é sua característica de abordar a doença, sem a manipulação para a venda de emoções baratas sem conteúdo. O câncer é exibido como um entrave que perde suas forças perto das diversas ramificações do amor demonstradas.

Hazel Grace Lancaster, vivida por ShaileneWoodley, é uma adolescente de dezessete anos, que desde a infância enfrenta o câncer de tireóide que resultou também em uma metástase para os pulmões. Juntamente com sua companhia inseparável, um cilindro de oxigênio com uma cânula no nariz para possibilitar a respiração, Hazel enfrenta o conflito da morte e a perda de momentos preciosos. Em busca de minimizar a frustração de sua filha, a mãe de Hazel propõe que ela freqüente um grupo de apoio de jovens com câncer. A menina segue o conselho, apenas para possibilitar um pequeno nível de contentamento à figura materna, que sofre diariamente em silêncio. “A única coisa pior que morrer de câncer é ver seu filho morrer de câncer”, é um conceito dito e generoso de Hazel, que por vezes se culpa inconscientemente pela dor que desperta em todos ao seu redor.

Com as visitas ao local da terapia, Hazel encontra Augustus Waters, de dezoito anos, que perdeu uma perna em razão de um câncer desenvolvido no local e que está há um ano, sem um diagnóstico de malignidade. Gus, que é seu apelido no filme, passa a interagir com Hazel e ambos se apaixonam rapidamente. A personagem busca evitar um envolvimento maior que a amizade, por acreditar que poderá causar sofrimento. Ao mesmo tempo, Hazel está obcecada por um livro escrito por um escritor holandês sobre câncer e tem o sonho de encontrar com o escritor para saber a continuação da história que é interrompida pela metade, tal qual ela acredita que sua vida será. Gus consegue o contato com o autor e a leva para a Holanda, após muita discordância entre a comunidade médica, por Hazel estar doente demais.

Nesta viagem, vários fatos ocorrem e o adolescente se declara para Hazel, mostrando que o amor não é uma escolha e que o tempo é um fator relativo, pois “Alguns infinitos são maiores do que outros”. Vivido por AnselElgort, o personagem Gus é bastante contraditório e intrigante à medida que vivencia os problemas com positividade e humor, escondendo suas fragilidades. A interação entre os atores é viva, intensa e transmite muita pureza, apesar de suas consciências estarem desgastadas pelos obstáculos impostos em suas vidas.

O filme não expõe a patologia, mas os humanos que existem e que são maiores que suas doenças. Expõe o amor dos pais, suas dores e sacrifícios para proporcionar alegria mesmo com a esmagadora sensação de perda anunciada; Transmite a importância da parceria para enfrentar as mazelas cotidianas e acima de tudo, demonstra o amor em sua forma mais bruta e talvez mais bela, inocente e efêmera com data de validade terrena, mas não espiritual. O filme Hollywoodiano, com final completamente inesperado, surpreende as expectativas dos atuais filmes transmitidos ao público jovem e derrama o incentivo da superação e da importância de valorizar os pequenos e preciosos momentos em meio às adversidades, por vezes, cruéis. O filme foi dirigido por Josh Boone.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Malévola: O drama entre os pólos

Recontar uma estória, a sua própria estória. Foi isso o que a grandiosa Disney fez quando estreou “Malévola”, uma reconstrução da clássica e consagrada animação “A Bela Adormecida” de 1959, baseado no conto de fadas homônimo do autor Charles Perrault. Esta primeira versão trazia à tona a trajetória da princesa Aurora, amaldiçoada desde o nascimento pela terrível bruxa Malévola, que a condenou ao sono eterno aos 16 anos, quando por descuido, furasse o dedo em uma roca. O único antídoto exposto pelo desenho para a reversão da situação seria um beijo de amor verdadeiro, o que foi feito pelo charmoso príncipe Felipe. A primeira edição seguia à risca os paradigmas doutrinados em todas as manobras destinadas ao público infantil: O bem e o mal. A luz e a treva. O “Felizes para Sempre” com a união de um casal.

Em pleno século XXI, ocorre um resgate ao mítico relato: Malévola, vivida pela atriz Angelina Jolie, estreia com o intuito de retratar a ficção por uma nova ótica: A amplitude da personalidade da vilã em primeiro plano, desde sua complexidade subjetiva até os desígnios que a fizeram atingir o ápice de sua crueldade. Um desafio intenso destrinchar a primeira versão do filme, para expor então as dores e feridas do ser humano e demonstrar, talvez, que a linha entre o bem e mal é muito mais tênue do que aparenta ser nas demonstrações aos pequenos admiradores. As qualidades e perversidades se mesclam no desenrolar da narrativa de modo a confundir o telespectador que se questiona sobre o julgamento cru que é feito diariamente a todos ao redor.

A bruxa, na nova versão, é mostrada como fada desde sua infância, quando exercia a função de órfã guardiã de um reino encantado. Porém, Malévola é ferida pelo pai de Aurora, Stefan, com quem durante a infância compartilhou um delicado amor juvenil. Cego pela ganância de se tornar rei, Stefan é responsável por trazer a maior dosagem de rancor e desumanidade para a antiga doce menina, de olhos translúcidos e alma pura. A traição exposta no filme derrama indignação e dor. Nada de traição carnal. A deslealdade se fixa no furto das elementares asas da fada, que além de mecanismo de sustentação, representam, metaforicamente, sua liberdade.

Prostrada em sua nova condição, a fada começa a perecer vagarosamente juntamente com suas esperanças e sentimentos nobres. Uma nova carcaça sobrepõe, destilando ódio e ira, em busca de uma vingança à altura de sua perda emocional e física. A fada, que agora, é bruxa decide lançar um feitiço sobre a filha recém-nascida de Stefan, que havia se tornado rei. Essa parte do relato é fidedigno ao início da primeira animação. O rei então ordena que a criança seja criada em um vilarejo, em um disfarce de camponesa, por suas três fadas madrinhas. Em vão, Malévola acompanha cada passo da criança, com o auxílio de um corvo.

O ódio que ela tem pela representação da linhagem de sua maior decepção, começa sutilmente, a se converter em um laço um tanto quanto obscuro. Ela luta contra o sentimento que começa a crescer pela ingenuidade e doçura de Aurora, vivida pela jovem Elle Fanning. Despida de preconceitos, Aurora se encontra com Malévola e a trata como um anjo protetor que esteve ao seu lado em todo o seu crescimento. Perdida em contradições, a protagonista demora a admitir que o amor que viria para unir era maior que sua sede pelo justiçamento impiedoso. Arrependida pelo feitiço, Malévola tenta revertê-lo, mas se frustra. Busca alternativas, entre elas, um pretendente. Em vão. O ponto forte do longa é a solução para o percalço. O beijo de amor viria da própria vilã, que como ninguém, amou Aurora com toda a verdade e com o resgate das sobras de sua alma bondosa.

Categoricamente ousado e com um cenário visual extremamente agradável ao público, principalmente o infanto-juvenil, a estória mescla o obscuro com o gracioso. Apesar do caráter infantil, reflexões são delineadas para o público adulto ao retratar as faces da peculiaridade humana. Intrínseco a todos, as posturas que caracterizam a virtude ou o perverso, podem estar escondidas nas experiências vividas por cada um dentro de seus limites emocionais e psicológicos. Simplificando, não existe a linha que divide o campo em dos hemisférios opostos. Apenas caminhos trilhados, escolhas feitas e dores e conquistas. Vale ressaltar que existe retorno quando o caminho está pesado. A compaixão e o perdão se mostram como valores fundamentais da estrutura.

Por fim, o traço feminista de que não necessariamente para alcançar a felicidade é preciso estar à mercê da vinda do príncipe encantado foi uma aposta, que em minha opinião, deu certo. O amor não é exposta em sua forma padrão e massificada.
Apesar de suas contradições e expressões fantasiosas em excesso, o filme se diferencia em sua essência, por sua ousadia, inovação e fotografia. Um blockbuster dirigido por Robert Stromberg, que incita dúvidas, questionamentos e um pouco de doçura para um público que enfrenta diariamente a realidade, com maldade o suficiente, porém sem arrependimento e sem conversão.



Ai, que dor de estômago!


Ontem assisti a um filme patético. Descontente por ser patético, explorou a futilidade, exportou a imbecilidade e está contaminando diversos públicos ao redor do planeta. Contribuindo para a abstinência do pensamento, estimulando o desprezo à vida e vulgarizando todas as ações humanas. Não, eu não sou "caxias" como você deve estar pensando. O filme “Vizinhos” traz a vida de república como um confinamento ou internação em uma casa de loucos totalmente consentida. "Drogas for free", muito sexo material, superficial e pobre e desrespeito total ao próximo, ao vizinho, ao cachorro da esquina. Sem moral, fábula ou qualquer linha intermitente de mensagem após o caos, ficou a imoralidade pela libertinagem simplesmente. Esdrúxulo e totalmente ultrajante, o filme conseguiu estimular o asco e a repulsa. Nem engraçado foi, exceto pelo momento da luta com dois pênis de plástico, segurados pelo presidente da república e um suposto pai de família.

Mas não resolvi escrever para falar mal do filme, aliás, falar mal de filme é dar um tiro no próprio pé, esperar "haters" para julgar, massacrar e regurgitar, totalmente fora de contexto e manipulada, a sua opinião. Resolvi escrever porque o que passou no filme não se difere de alguns contextos claramente expostos em nossa sociedade, que vem se superando no egoísmo e na futilidade, como nunca antes. Não sei se é culpa da tecnologia que afastou as pessoas, ou se há mais liberdade para exibir o podre, pois o errado de hoje é considerado "cool". O problema não são as ações em si. O problema é que tudo é feito de forma induzida. Ninguém sabe por que está fazendo, apenas deseja integrar a massa para que não haja diferenciação, exclusão e porque há existe uma cultura ao prazer sem limites em combinação com o não se importar.

Manter a imagem é o mais importante. A comunicação é puramente visual e o aprofundamento, só se for da penetração. Não sou contra sexo, pelo contrário. Mas as pessoas não sabem mais se fazem porque gostam ou se porque devem à sociedade explicações. As drogas nada mais são que uma fuga da realidade. O uso dos sentidos humanos está tão atrofiado, que só por meio de estímulos forçados ao cérebro se atinge algum grau de satisfação. Isso é muito deprimente, antes de ser impróprio. Eu colocaria uma censura etária para as crianças nesse mundo. As crianças são as maiores vítimas da atualidade. Desde novinhas são ensinadas o que deve ser feito e o diferente sofre Bullying. Para não sofrerem perante os diversos grupos sociais que esbarrarão pela frente, buscam se assemelhar aos seus companheiros de trajetória. A Universidade perdeu seu pódio de educação e empoderamento intelectual. É óbvio que esse período é o da diversão e dos amigos de longa data, mas o exagero vem tomando lugar de modo incontrolável. O excesso é visto como regra. A loucura como obrigação.

Cansa os mesmos personagens na festa. Cansa ver seus amigos vomitando por substâncias distribuídas pelos líderes. Exausta a cobrança para integrar o que está apenas aglomerado e não unido. Princípios, valores agora são coisas de velhos caquéticos e indesejáveis. Acho que sou uma velha caquética indesejável. Acho que me perdi nessa evolução barata e superficial, nesse mundo de coisas caras e palpáveis, nessa curva para a morte da filosofia. Não compareci ao sepultamento do amor, faltei às aulas de malandragem e ignorei os chamados para o ilusório êxtase, fruto do último químico proveniente da medicina veterinária.