Os olhos estão fixos! Os olhos estão fixos! A boca apenas repete, a respiração segue o fluxo. O cérebro está estático. Não dá pra pensar. Imersa em um pesadelo. Todas as pessoas estão vestidas da mesma forma. Elas vem se aproximando.Sinto um arrepio percorrer o meu corpo. Por que todos olham para a mesma direção? Não consigo as diferenciar. Rostos iguais, mentes iguais. Procuro um espelho, mas não consigo me ver. Minha identidade foi roubada. Estou a transbordar ideologias. Massificadas.
Onde está? As diferenças enfim foram sanadas. Não há revoltosos e nem inconformados. A paz então finalmente está estabelecida. A música de fundo pré-determinada, aceita e vangloriada. O tempo passa. Mas isso está fora do contexto, afinal a morte está dentro da listagem dos fatos consumados. Mediocridade, insanidade. Perda do sinal. Sonhos abduzidos. Pensamentos a regredir em escala contínua e crescente. Enfim, o limite.
Então desperto. Não consigo distinguir realidade e fantasia. Mas tenho a certeza de que estão relacionadas, de maneira ameaçadora e significativa. Quero isolar a minha mente. Protejam a essência. Protejam-na! O amuleto que garante a individualidade e a percepção alternativa. Única. Compartilhar, não é absorver sem filtrar. Acreditar não é escurecer os sentidos. Emoções não são padronizadas. Reações não devem ser esperadas. E questionar é sempre essencial.