"Vivemos em uma sociedade fútil. Não seja como os outros. Não deixe de ser você mesmo. Não perca sua própria essência".



Não me escondo sempre. Porém quando faço, é difícil me encontrar. Minhas emoções são seletivas... Demonstro à aqueles seres livres e puros que tanto me encantam a cada dia. Não gosto de maldade. Aprecio o ócio e o pensamento. Sou atraída por olhares... Transparentes, misteriosos. Julgo a ignorância o mal da sociedade e o fetichismo a razão dos relacionamentos voláteis e mecânicos. Religião é dúvida e amor é crença. Sorrisos são enérgicos e amigos são anjos. Não tenho a pretensão de ser a melhor, mas boa o bastante para aqueles que prezo. Acredito na classe e na postura. Sem clichês fúteis.
Gosto de abraços fortes, entregas verdadeiras, desejo e paixão.
Não me obrigue a concordar e não tente me prender. Minha alma é livre como um pássaro. Meu coração é honesto. Penso sim antes de falar. Me machuco rápido e sou sensível. Mas também sou forte e guerreira. Não me conte mentiras, por mais lindas que sejam. Se eu amar, amarei. Se chorar, chorarei. Portanto, vou viver.


sexta-feira, 29 de agosto de 2014

A Perspectiva de Rubem Alves

Em seu brilhante texto Perspectivas, do livro “O que é Religião?”, Rubem Alves não trata de nenhuma religião específica. Ele aborda com sabedoria, as religiões em seu contexto geral, que por muitas vezes, nem sequer precisam estar presentes em locais sagrados ou sacramentados. Ele expõe dois panoramas religiosos, o místico e/ou encantando e o da experiência cotidiana, carregada discretamente, de religiosidade. Porém, faz menções que remontam à influência do catolicismo durante determinados períodos da história, à medida que cita a aparição de virgens em grutas, a presença marcante em centros de saberes científicos, a tomada de decisões com bases religiosas, etc. Além disso, ele expõe a religiosidade em um prisma diferenciado, onde a roupagem sofreu mutação, porém sua origem continua sendo a mesma, a origem da busca pela consciência humana e a divina, que mescladas, querem dar sentido à existência e às questões íntimas, que ao mesmo tempo são individuais e coletivas.

O autor referencia um tempo dividido entre um antes e um depois. Esses tempos foram assim fragmentados, pois com o desenvolvimento da ciência moderna, antigos preceitos religiosos perderam suas forças para explicar à sociedade determinados fenômenos e acontecimentos, que antes eram expostos de forma mítica e transcendente. O “antes” explicaria um mundo dominado pela fé, em suas ações de estado, sociedade e corriqueiras atitudes individuais, guiadas pelo superior a todo instante. O “depois”, jorra certa independência do homem em relação a dogmas e preceitos religiosos para ações em geral, como a tomada de decisão do Estado, as opções de vida em conjunto ou individualmente. Um tempo, o primeiro, seria guiado pela religião, pela crença, por relatos místicos. Já o segundo, seria vivido pela razão, pela lógica, pela ciência, por provas materiais e palpáveis.

O que proporcionou a mudança da prática religiosa entre esses dois tempos, foi, primeiramente o desenvolvimento da ciência moderna, que a partir de experimentos, realizações com bases lógicas, matemáticas, físicas, foi capaz de fornecer ao homem novas soluções e explicações para eventos, que antes possuíam embasamento teórico em suposições anexadas à religião, de modo que o homem foi educado a vislumbrar o mundo sobre nova ótica. A ótica da percepção material e prática, com a averiguação por meio da observação, da realização de ligações entre áreas do conhecimento, de cálculos e a utilização de maquinários. Por meio dessa nova categoria, a religião passou a ser dispensada dos centros de saberes humanos, pois sua influência viria na direção contrária do que a ciência buscava mostrar. Controversas e excludentes, a ciência e a religião já não mais poderiam ocupar o mesmo departamento para um consenso entre as escolhas. Foram assim dispensados, todos os aparatos e figuras religiosas que antes, significavam a autoridade na sequência de acontecimentos. Novos valores vieram de encontro com a nova sociedade que vinha evoluindo através da ciência, que não mais buscavam o suporte dogmático espiritual. Em segundo lugar, certo constrangimento ocupou a mente dos humanos da nova sociedade estruturada pela linha da lógica e da verdade comprovadamente numerada. Visto que, tudo é comprovadamente científico, assumir-se religioso tornou-se um atestado de ignorância ou de ilusão. Logo, para suprir as necessidades, ainda religiosas do ser humano, ocorreu uma mudança no tratamento da prática religiosa. Transvestidas de terapias, centros de psicologia, técnicas de meditação e relaxamento, rodas de debates filosóficos, energias positivas, entre outras, as religiosidades se expõem aos homens de modo discreto e mais socialmente aceito. Se por ora se viveu a ditadura religiosa, hoje se vive a ditadura da ciência, que oprime manifestações religiosas, ou no mínimo, as ignoram, de forma a constatar sua insignificância, ingenuidade ou loucura. O que se mostra no texto, é que na realidade, a religião se fundamenta principalmente, em questões existenciais que são instrínsecas ao homem e sua característica de ser indagador. O homem, em sua habilidade intelectual busca respostas à sua inquietude de existir a todo instante, e talvez, essas respostas, não estejam disponíveis em uma trajetória lógica tangível. Algumas aflições são abstratas. Algumas dores são invisíveis. Alguns sentimentos são intocáveis e a fé, a fé é subjetiva.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Surpreendentemente bom.

Hoje assisti FRANK. A peça de teatro que carrega em seu nome a referência ao romance Frankenstein, em que um cientista especialista em genética cria um ser humano em laboratório a partir de combinações gênicas, trouxe reflexões mergulhadas em profundidade e atemporalidade.
Da Companhia Teatral Arnesto Nos Convidou, com texto de Samir Yazbek, a peça de apenas e incrivelmente acertados cinquenta minutos, trouxe esperança ao ato de pensar, que hoje agoniza no materializado e estreitamente superficial mundão. Sem margens floreadas e tipicamente anormal, a história se passa como uma paródia de extremo bom gosto da história. 
Mostrando a personalidade complexa e afetada da criação feminina do cientista, a estória questiona o "empoderamento divino" da ciência moderna, que por vezes, se julga capaz de alterar a ordem natural da vida. Ao mesmo tempo em que se desenrola a trama, quem a conta é o autor da estória, que por sua vez, também exerce poder sobre a vida de seus personagens e os guia tais como marionetes com destino traçado e quem não poderia dizer, condenado. Mas que inquietude é essa que busca o controle da própria e da alheia vida? Qual a dor que nos entristece a cada instante em vazias e ininterruptas tentativas de seguir o fluxo, que não nos pertence internamente?
Entre julgamentos e contrapontos, a verdade que se torna clara é a infelicidade gélida da morte dos sonhos. Do afogamento das ânsias, das ousadas expectativas, do indomável fôlego pela vida.
A culpa é da ciência? É da rotina? É da manipulação? Ou do medo de assumirmos nossos desejos íntimos?
Mas quem afinal busca culpados? O que se busca é a vida. Hoje, amanhã e depois.
A vida que revela a essência de cada ser único e irrefutavelmente subjetivo.
Sem azias ou drama, eu acredito que cada coração que bate busca sua estrada. E em meio à tantas ofertas, financeiras, materiais, palpáveis, estamos cegos diantes do pulsar. A vida que corre e não passa, mostra nuances de beleza em cada esquina, em cada livraria, ou mesmo na neblina pela manhã.
Estamos a perder a vitalidade, buscando a estabilidade.
Qual a lógica da rotina, se o extraordinário ilumina?
Sem ignorar o sistema em que estamos inseridos, é possível abrir uma brecha para a fábrica de ilusões, a arte. E quem se importa se são ilusões?
O desenho nem sempre significa o que é, como já dizia Antoine de Saint-Exupéry. O que há de ser a vida se não uma ilusão?

Reticências para o término. Ou o começo de tudo. Boa sorte.

Resultados da pesquisa