Eu estou me sentindo tão triste. Parece que estou com um fundo na alma. Parece que a realidade está distorcida e eu simplesmente não consigo encontrar o meu caminho. Quando abro os olhos de manhã, me pergunto se eu estava dentro de um pesadelo, mas parece não adiantar quando esfrego os olhos... Pois tudo continua estático e opaco. Eu sempre fui uma menina sonhadora. Daquele tipo que acorda de manhã, e vai passear de mãos dadas com seu pai em busca de flores... As mais bonitas. Aquela que corria loucamente atrás de borboletas, pois acreditava na beleza do bater de asas delas. Aquela que quando brincava, idealizava a felicidade suprema das bonecas juntamente com os príncipes perfeitos. Aquela que imitava a Pocahontas, e queria sentir o vento bater no rosto, correr pelas matas e nadar, nadar muito. Mas isso não significa que eu vivia em um mundo imerso de fantasia. Eu já sofri muita coisa. Sofrimento real. Fui obrigada a crescer contra a minha vontade. A voltar a sorrir. A entender que meu pai moraria nas 'estrelinhas' para sempre. Mas ainda assim eu me debruçava sobre a sacada e aguardava ansiosamente a sua chegada. Sempre desejei que coisas bonitas não tivessem fim. E agora estou diante de outra perda. Mas não foi a morte a responsável... Foi a vida. E isso me corta, me machuca, me faz querer desaparecer até tudo ficar bem. Eu gostaria de poder ficar de castigo. Sim, exatamente castigo. Me recolher por um curto espaço de tempo até as coisas melhorarem e depois sair, e ver que tudo está bem novamente. Mas infelizmente isso é impossível.
Eu estou cansada de chorar, estou cansada de explicar, de me cobrar e de cobrar os outros. Eu estou me sentindo completamente sozinha. Mas isso eu deveria ter aprendido há muito tempo atrás. No fim de tudo., a luta é de você com você mesmo. Não tem para onde fugir. Não há culpados. Temos a falsa ilusão de que as pessoas, as quais nos apegamos, estarão aqui para sempre, e com essa idéia deturpada, tornamos elas parte de nosso coração, de nossa alma. Abrimos caminho para elas entrarem, a guardamos no coração. E então elas decidem voluntária ou involuntariamente partir. E então, como uma bala dentro do coração, como uma facada, a ausência nos envenena. Nos tira a razão, os sentidos, a vontade de seguir. Perdemos o eixo. Perdemos tudo.
Quando é que aprenderemos a dizer Adeus? Eu ainda não aprendi. Eu nunca consigo encerrar um capítulo, sem dele lembrar-me para sempre. E assim estou... Desabafando, embriagada de pensamentos, rodeada de sentimentos fortes e irrevogavelmente dolorosos.
Mas eu percebi que não adianta mais me esconder. Quem eu mais queria que fosse me procurar quando eu sumisse não vai estar lá. E terei de conviver com essa nova realidade. Quando somos intensos, corremos o risco de sofrer uma queda mais dolorosa. Quem conhece as nuvens, o sorriso mais verdadeiro, o sentimento mais puro... Conhece também a dor mais aguda, a sombra mais demorada, os espinhos das rosas. É impossível permanecer para sempre em emoções constantes. A vida não é um conto de fadas. Ela é real. Entre o paraíso e o inferno, construímos nossas histórias. Não vou esperar não cair, não me decepcionar, não desanimar. Mas isso não significa que vou deixar de sonhar, de lutar e de viver. Acredito que só recebemos aquilo que somos capazes de suportar. Eu vou conseguir. Eu tenho que conseguir. Não dá pra adiar. A vida é curta demais para não ser aproveitada. Se eu cometi erros, irei pagar minhas conseqüências. Eu só espero que quando eu fizer algo bom, eu possa receber de volta também. Bem, por falar em trocas... Com tudo isso... Aprendi a nunca esperar dos outros o que eu sou capaz de dar. Porque os outros não sou eu, e eu tenho que realizar as minhas ações sem esperar os outros. Se fosse assim, Jesus não teria morrido por tantas pessoas que nem sequer se importavam. Por mais que os outros não se importem, faça.
O reencontro com você mesmo, com a sua alma... Talvez só venha depois de uma queda que te faça abrir os olhos. E se quer algum resultado, terá de ter esforço. Nada vem de graça. Nenhum de nós criou essas leis. Se pudéssemos ou tivéssemos o poder para mudar tudo, talvez mudássemos tudo. Todos seriam felizes, com aquilo que mais desejam. Mas aquilo que não podemos mudar, temos de aprender a suportar e entender. Talvez as coisas que acontecem, acontecem por uma razão maior que está por vir. E então aquela velha frase clichê "Quando Deus fecha uma porta, ele em seguida abre uma janela". Não sofra pelo que acredita ser o seu destino. Você não tem idéia do que está te esperando lá fora. É preciso dar a chance de olhar novos horizontes, novos patamares. Se perdeu algo, guarde tudo o que puder, transforme os bons momentos em lembranças... E siga em frente. No começo pode parecer impossível. Mas nada é impossível. Às vezes descobrimos potenciais que nunca imaginaríamos ter. Abra suas asas, rumo à liberdade. Não desanime. Não permita rótulos na sua alma. Não seja definitivo. Talvez você esteja passando pela fase triste de reclusão, tal como uma lagarta fica presa em seu casulo para desenvolver-se... Você não sabe o seu futuro... Talvez de um dia para o outro você acorde, e descubra que pode voar.