"Vivemos em uma sociedade fútil. Não seja como os outros. Não deixe de ser você mesmo. Não perca sua própria essência".
Não me escondo sempre. Porém quando faço, é difícil me encontrar. Minhas emoções são seletivas... Demonstro à aqueles seres livres e puros que tanto me encantam a cada dia. Não gosto de maldade. Aprecio o ócio e o pensamento. Sou atraída por olhares... Transparentes, misteriosos. Julgo a ignorância o mal da sociedade e o fetichismo a razão dos relacionamentos voláteis e mecânicos. Religião é dúvida e amor é crença. Sorrisos são enérgicos e amigos são anjos. Não tenho a pretensão de ser a melhor, mas boa o bastante para aqueles que prezo. Acredito na classe e na postura. Sem clichês fúteis.
Gosto de abraços fortes, entregas verdadeiras, desejo e paixão.
Não me obrigue a concordar e não tente me prender. Minha alma é livre como um pássaro. Meu coração é honesto. Penso sim antes de falar. Me machuco rápido e sou sensível. Mas também sou forte e guerreira. Não me conte mentiras, por mais lindas que sejam. Se eu amar, amarei. Se chorar, chorarei. Portanto, vou viver.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015
A ternura leva embora toda a maldade
É aquela gordurinha que forma embaixo de seus olhos quando você sorri. Janelas de sua alma, que seguem o formato de uma amêndoa a depois tornam a escorrer deixando um rabinho de ternura em cada piscadela. De nariz charmoso e confiante, segue a personificação da beleza, delineada em cada traço que desenha tão perfeitamente seus lábios. Eles nada mais são do que a porta de entrada para todas as doces e tórridas fantasias que se esparramam em um emaranhado de ideias e sentimentos que percorrem minhas veias a cada observação ou toque, desde as extremidades, até sua profunda maciez. De vigor e desempenho, ela está cheia. Habilidosa, cautelosa, e ao mesmo tempo, violenta e sagaz. Não perde um movimento, mas sabe a hora de recuar. É leve e pesada, doce e amarga. Ávida por companhia exibe sua beleza e então depois, se restringe às manobras sensoriais.
Mas não só a boca, a responsável por tamanha cumplicidade estética que se fixa entre nós. Tem aquela sobrancelha larga e rebelde, que na medida certa adere masculinidade ao rosto e combina perfeitamente com os olhos. Olhos? Nunca vi mais lindos em toda a vida. Verde-água. Azul e verde. Verde azulado. Quando se bota reparo, é quase um passeio a uma galáxia desconhecida. Cheios de objetos estranhos a circular em toda a superfície redonda. Se a imaginação está aguçada, nada mais que estrelas, corpos a planar, relevo desuniforme, componentes minerais. Transportam e intrigam. Invocam e animam. Persuadem. Obscenos, profundos, molhados, coloridos.
Tem também as mãos, aventureiras. Olhar para elas é verificar suas peripécias, sua personalidade, sua exclusividade. Mãos de alguém que deixaria tudo porque vislumbrou um novo horizonte, uma terra nova, com cheiro de mistério. Alguém que desbanca o cotidiano por uma ideia maluca, uma viagem maldita. Alguém que pela vida não há de passar em branco, não há de jogar no barranco... Os sonhos. Intrépidas mãos. Translúcidas ideias.
Aspectos físicos esses que mais me carregam a cada dia, sem que nada perca o encanto. Mas não são eles sozinhos que fazem todo o trabalho. Tem o timbre que transporta... Não é fino. Não é grosso. É suave. Macio como os pelos de um felino, confortável como uma rede no litoral, tranquilo como o barulho das águas. O timbre mostra que estou em casa. Que estou perto, enfim, do meu porto seguro. O cheiro tem lugar na mesma barca. Mostram o lar. Mostram que não há mais o que ansiar, pois o aconchego caminhou e estacionou e acolheu e recolheu as dores. Exibem de modo sutil e profundo que não mais é preciso temer, doer a saudade, pois nada mais pode atrapalhar aquele abraço. Nossos abraços nos fazem voar. Os carros param. As luzes cessam. As vozes se acanham, as interferências escorrem no exílio. É uma união de almas, é uma junção de sentimento. É uma mistura homogênea, que de tão uniforme, não é possível distinguir, reprimir, desiludir.
Que de fábulas bastem, que a história real se desabroche e prove que nada é mais lindo que o verdadeiro, o relato. Contado. E provado. São brincadeiras estúpidas, são risos desgovernados, sentimentos conturbados. Tudo se mistura e tudo faz feliz. Mesmo na última lágrima que escorre perante um desentendimento, aflora a magnitude da cicatriz que se constrói lentamente e com todo cuidado, para que desapareça com a dor, e fortaleça o amor, aprendido e ensinado a cada dia, a cada instante, a cada verbo jogado longe. É prazer, é lazer. É sem entender, que surge, é sem perceber que fica. É sem prever que dura, é sem querer que eterniza. É sem valer que enlouquece. É todo dia, é o dia todo. Aquela última fala antes de dormir, aquele último dengo antes de persuadir. São os toques. São as projeções. É a parte irreal e a imaginária, alimentada todo dia pela estrada. Tudo o que vivemos, o que viveremos e o que achamos que vivemos, todas as noites antes de dormir. Se tudo se consolida de realidade e fantasia, por que diferente haveria de ser com a vida? Com o amor? Com a paixão?
A convivência traz a intimidade. A ternura leva embora toda a maldade. E sem perceber, aos poucos, nada mais somos que dois amantes enaltecidos por carregarmos no peito o semblante de uma passagem significativa, que não desperdiçou tal oportunidade, de andar pela existência, sem carregar o mais nobre sentimento nos braços. Como diria Chico, nos amamos como “dois pagãos”, mas trazemos ao mundo um pouco de divindade, um pouco de transcendência da mediocridade. Um pouco de abstenção do egoísmo. Ao amor assim, nos doamos. Doamos o coração e seus caminhos de pulsar. E sem nenhuma razão, ficamos a esperar, que o tempo não seja ligeiro, que a rotina não nos deixe enfermos, e que a vida vibre a cada dia mais, sem nunca deixar de compartilhar. Porque nada é mais verdadeiro que dividir a vida. Por escolha. Por querer. Por amar.
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